quarta-feira, 21 de outubro de 2015

O Brasil de La Mancha, de La Mocidade


"Se o mundo é um carnaval onde tudo  se mistura, volto à literatura, no seu infinito poder de transportar tempo e espaço, me junto a Cervantes porque também sou Miguel, Padre Miguel. Juntos, resgatamos o mito de Quixote que,  no caminhar por entre as terras do Brasil de La Mancha, a princípio se assusta com tantos fatos. Ele sonha lutar com gigantes que pela própria natureza não somam, subtraem. E como compreender é o primeiro passo para transformação, ávido leitor, o cavaleiro andante relê nossa história até perceber que “A hora da estrela” há de chegar. Descobre que a Mocidade, eterna fábrica de sonhos e alegria, é a estrela guia, que  sai à rua  para defender o Brasil de toda Mancha. Está na Mocidade toda a esperança de dias melhores, de tempos mais justos, de seres mais humanos."
Trecho da sinopse oficial

   A Mocidade Independente de Padre Miguel havia anunciado um enredo para 2016, mas depois de um tempo voltou atrás e anunciou "O Brasil de La Mancha... Sou Miguel, Padre Miguel. Sou Cervantes, sou quixote cavaleiro, pixote brasileiro". Alguns criticaram muito a troca de enredo, até mesmo depois de liberada a sinopse, porém acredito que foi uma carta na manga.
   O Brasil está passando por tempos difíceis. Escândalos políticos se multiplicam dia a dia envolvendo praticamente todas as esferas do governo, incluindo seu cargo mais alto - presidência da república. Todos os dias notícias de manifestações, crise, contas rejeitadas ou descobertas e outras coisas mais assustam o brasileiro, que cada vez mais sente-se no dever de reivindicar. E porque não através do samba?
   A Mocidade foi além. Buscou na história e na literatura experiências de momentos difíceis de nossa história que conseguiram ser suplantados. Utiliza-se da ajuda de Dom Quixote, lendário cavaleiro que luta contra monstros, para tentar alertar o brasileiro dos problemas e avisar que a hora é agora, hora de não ficar calado, hora de se posicionar.
   O samba é uma obra prima. Wander Pires, Jefinho Rodrigues e cia poetizaram a caminhada de Quixote rumo às terras brasileiras e terminam com a hora da estrela. A estrela da esperança - que é verde como a Mocidade - a estrela que guia a população por um mundo diferente e que mostra que é possível sim dar a volta por cima se houver união. A estrela guia de Padre Miguel se juntará às outras 27 da bandeira e não se apagará.
audio aqui (créditos site Carnavalesco)
LOUCO, APAIXONADO...
VOAR, SEM LIMITES SONHAR...
DESPERTA CERVANTES DO SONO INFINITO
QUE A LUZ DA ESTRELA VAI GUIAR
QUIXOTE CAVALEIRO DELIRANTE
AVANTE! MOINHOS VAMOS VENCER
ERRANTE, ACERTA O RUMO DA HISTÓRIA
PRAS MANCHAS DESSE QUADRO REMOVER
PINTAR NESSA TELA A NOVA AQUARELA
E HOJE ENFIM DEVOLVER
A HONRA DO NEGRO, A TAL LIBERDADE
QUE SEMPRE HAVERIA DE TER

AINDA É TEMPO, EU VOU CONTRA O VENTO
NÃO HÁ DE FALTAR BRAVURA
DE RAMOS À ROSA, MEU DOM ENCONTREI
NOS BRAÇOS DA LITERATURA!

VAI NA FÉ... MEU BOM CANGACEIRO
"SER TÃO" CONSELHEIRO REGANDO AS VEREDAS
CAMINHANDO E CANTANDO, SEGUINDO A CANÇÃO
NAS MÃOS UMA FLOR VAI CALAR OS CANHÕES
FAZ CLAREAR AS TENEBROSAS TRANSAÇÕES
LAVANDO A ALMA DA "MOCIDADE"
LANÇANDO JATOS DE FELICIDADE
VENCER MAIS UM GIGANTE NESSA HISTÓRIA SURREAL
NUMA OFEGANTE EPIDEMIA QUE SE CHAMA CARNAVAL
VEM SER MAIS UM GUERREIRO
EU SOU MIGUEL, PIXOTE ESCUDEIRO
É HORA DA ESTRELA QUE SEMPRE VAI BRILHAR!

EU HEI DE CANTAR POR TODA VIDA
MINHA MOCIDADE, ESCOLA QUERIDA
NESSA DISPUTA...
VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA! (NÃO)