sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sinopse Inocentes de Belford Roxo 2015

   A Inocentes de Belford Roxo, décima colocada da série A, irá homenagear em 2015 o sambista Nelson Sargento. A sinopse foi lançada e a escola promete emocionar em uma homenagem em vida. Confira abaixo:
Enredo: “Nelson Sargento – Samba, Inocente, Pé no Chão”
O G.R.E.S. Inocentes de Belford Roxo tem a honra de cantar na avenida no carnaval de 2015 a trajetória musical e artista de Nelson Mattos ou como popularmente é conhecido “Nelson Sargento” .
O nosso cantor, artista plástico, compositor, ator, irá  emprestar seu talento múltiplo para que possamos cantar uma trajetória poética e inspiradora de um expoente da cena artística nacional e exaltar um  arauto do samba.
Iremos celebrar na avenida seus 90 anos, lhe oferecendo flores em vida  pois as rosas não falam mas podem enfeitar a grande festa da vida … do morro do Santo Antônio , um Português letrista na topografia da cidade , com toda simplicidade , constrói o berço da inspiração …
E em uma linda Alvorada;  sambistas, mulatas, cabrochas, vedetes, malandros, entoam o cântico a natureza, e  nos apresentam o encanto da paisagem. Já podemos ver, o astro rei  com fulguração, brilha no céu e do alto do morro do Salgueiro  e da Mangueira resultando versos inspiradores de amores que inebriam nosso cidadão do mundo. Arautos, vão de boteco em boteco, esquinas e terreiros embriagando as mazelas da vida e um sopro de poesia vai driblando  as dores do coração e socorrendo o negro forte e destemido …
As saudades nem lentamente se faz presente e os compassos  de um samba enfezado traz na memória a  voz do morro  em um idioma esquisito e no clã da batucada  o nosso orfeu contemporâneo  em pleno estro(poesia) compõe seu mais novo triangulo amoroso, que envolve seu coração de entusiasmo e felicidade.  No qual uma sedução há domina e a outra a fascina .
E no sonho de sambista  até as garrafas batem palmas, para o samba envolvido na fidalguia  mas que continua, Inocente pé no chão ….

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Sambas de enredo, por onde anda a honra?

   Em época onde as eliminatórias de samba começam a aflorar, nosso colunista Lorran Gabriel faz uma crítica aos sambas "comprados" e faz um apelo. Confira abaixo:
   Sambas de enredos já retrataram muitas vidas, emocionaram a muitos, deixa saudades dos velhos e gloriosos tempos, tempo que infelizmente não volta mais. Começamos a ver que o Carnaval é um mercado onde quem tem mais dinheiro leva tudo, até o que não deveria levar. Nessa situação a gente vê o carnaval se apequenando pouco a pouco, tudo começa onde as escolas vendem seus enredos, fazem um troca-troca imenso com os profissionais do Carnaval, que quando é necessário deles eles somem, ou quer dizer somem por dinheiro. Nada contra a esses profissionais, mas o Carnaval chegou em um ponto que quem o faz tem que ter amor e paixão pela escola no qual defende. Quando isso não acontece vemos algumas gigantes escolas sofrendo para não cair e ai já como diz aquela famosa obra ”O SAMBA VAI PERDENDO A TRADIÇÃO”.
   Carnaval é feito por escolas de samba, que hoje em dia algumas estão se deixando levar, nem ligam mais para o espetáculo ou para os seus torcedores e admiradores do bom Carnaval, onde os sambas poderiam ter a honra de ser chamado de Sambas de Enredo. Poetas que faziam grandes obras que tocavam o coração que nos faziam sambar e cantar.
   Hoje em dia com essa mania do dinheiro, fica mais difícil para sua parceria, 1000 pessoas para a torcida, 400 bandeirinhas e 200 fogos de artifício, para torcerem e cantarem um samba que não era t e o samba que tinha qualidade ótima que só não tinha um bom dinheiro para bater de frente com a parceria do boi com abobora perde feio e depois do desfile não adianta chorar os 9,5 em samba enredo, não adianta reclamar dos jurados, não adianta falar que é conspiração contra a escola, porque não é, pois o “Samba Sambou”!
   Então aqui todos os amantes de carnaval, fazem um pedido aos profissionais do Carnaval para que não deixem o “Samba Morrer” e aos compositores se espelhem nos seus ídolos, se espelhem no Silas, Pixinguinha, Cartola, Noel, Candeia e outros tantos, façam os seus sambas por eles que deram seu sangue e seu nome a grandes obras prima! Porque “Carnaval é samba a noite inteira tem que ter mulata cachaça e muita zoeira”, mas hoje em dia só temos Bois com aboboras, mulatas e muita zoeira!

X-9 falará sobre chuva em 2015

   A X-9 Paulistana encerrará a folia de São paulo falando sobre seu algoz em 2014: a chuva. E com isso, lançou na noite dessa quinta feira (17/07) a sinopse que embalará os corações da escola da parada inglesa. Confira abaixo:
Fenômeno de Deus
Anunciado pelo canto das cigarras
Onde o céu encosta o chão
A nuvem escurece
Fazendo o dia virar noite
Numa revoada de andorinhas
Enchendo o ar de esperança
E os sonhos de quem a espera -
A chuva

Do mundo, tu já foste a destruição
Vieste pela forma de dilúvio
Alçando a arca mais famosa
Sagrado refúgio da criação
Que Noé com sua fé construiu

Oh Indispensável Chuva!
Do solo, fizeste brotar a natureza 
O recomeço, a transformação
De sua gota criaste o homem
A nação Pataxó
E dos peixes, a lágrima, a precipitação
Sobre os campos, vales e florestas
Irrigando as nascentes
Sangrando a terra com seu líquido santo 
A água - que é a fonte da vida!

Ah gloriosa Chuva!
Aos teus pés dançamos para querer-te
Quando você insiste em não vir
Tua chegada por vezes é silenciosa 
Por hora, acompanhada de fragor 
Espalhada pelos ventos de Oiá
Para molhar o rosto exposto 
Lavar a pele, purificar
Saldar Nanã, a deusa da lama
Divina mãe do fundo dos rios
E invocar Dan a grande serpente
Sobre a forma hipnótica do arco-íris
E conduzir as águas de Oxum ao reino de Xangô 
Colorindo o firmamento 
Oxumaré...Arroboboi!

Chuva, Enigmática chuva!
Em sua ligeirice o ar se enche de aquarela
Que pela ponte nos leva ao tesouro
Contido num pote de ouro da nossa imaginação
Já tua ausência, castiga o chão do sertão 
Ferida que racha a caatinga de sol e de dor
Cenário sem flores, sem o canto dos pássaros
Cujas sementes não germinam, apenas a fé 
Ou a sorte de macambiras e mandacarus 
Porém, temos São José!
Para abençoar e trazer de volta a alegria do sertanejo 
Salvando a colheita, o gado e a mesa em oração
Tanto que gratos pelo mais singelo chuvisco
Os animais se mostram felizes nos pastos 
Os peões contentes com a lida
E festas se fazem em tua homenagem
Para brindar a fartura
Desde o campo até a grande cidade

Contudo, nem sempre depois da tempestade vem a bonança
Enquanto pra uns, traduzes a felicidade
Para outros, tu és a vilã dos feriados prolongados
E não é difícil ver-te promover o caos
Decorrente do nosso descaso com o meio ambiente
Tu és o medo nas encostas dos morros 
No trânsito, a desordem pelas ruas da cidade
Sobre as enchentes, o suplício dos desabrigados
Teu excesso e tua escassez são motivos de reflexão
Um exercício de consciência
Tu és a água que nutre a Cantareira
A tua presença motiva o descarte correto do lixo 
A tua ausência, o consumo consciente da água
Você gera energia ao mesmo tempo em que causa apagão
A luz e a sede 
A disposição e a preguiça

No imaginário popular 
Tu és a água que São Pedro lava a casa
O casamento da viúva quando contigo o sol misturas  
De arroz, és o desejo de prosperidade
De pétalas de rosas, o amor eterno
Para algo negar, de você retiramos o cavalo 
Mesmo que chova canivete 
Ainda que chova na horta
Teimosa tu insistes em chover no molhado
Para quem queira andar em ti e se molhar
"Cantando na chuva"
Trazendo a tona as lembranças da infância 
Através do teu cheiro particular
Vindo dos pingos que se estralam pelo chão
Ruído que serve como acalanto 
Para as noites incômodas de insônia
Pois, não há quem não curta adormecer 
Escutando-te tocar no telhado, ritmada e faceira 
E nas tardes de chá
Saboreando os bolinhos de chuva feitos pela vovó
Que antecedem a sopa quentinha e o xarope de mel
Para a gripe evitar 

Oh chuva!
Prateada, iluminas os enamorados
Tu és aquela que aproxima
Pelo lado de dentro da janela, tu refletes o aconchego
Mesmo com as goteiras no barraco
Lá fora, você dá charme à cidade
Nos guarda-chuvas que se esbarram nas calçadas
E nas capas respingadas pelos passos apressados
Ao fugirmos do temporal como se faz aqui em Sampa 
Onde seu repertorio é variado
Podendo ser forte, fina, continua
Pesada, ácida e até congelada 
Inesperada, sem ter hora para chegar
Longe do confete e da serpentina 
Ah chuva tu és temida no carnaval
O banho de água fria no sonho do artista
Por outro lado, a ducha que lavou nossa alma 
Revigorando o amor xisnoveano 
E a sede de sermos campeões 
Então, chova, chova sem parar!
Para brindar nossos quarenta anos de história 
Pois o que foi nosso algoz será nossa força
Porque:
Sambando na chuva, num pé d?água ou na garoa
Sou a X9 numa boa!
 André Machado

domingo, 13 de julho de 2014

Sinopse Alegria Zona Sul 2015: Kari'oka

Abrindo os desfiles de sábado da Série A, a Alegria da Zona Sul apostará mais uma vez em um enredo de raízes cariocas. Dessa vez, cantará nos 450 anos do Rio de Janeiro toda a ginga e a malandragem do carioca de viver a vida. Confira abaixo a sinopse:
Enredo: Kari’Oka
"Rio que és de janeiro a vida inteira
Não há ninguém que não te queira
És capital do bem-querer
Rio, Rio de sol, Rio sem frio
Olha, meu Rio, eu desconfio
Igual a ti não há nem pode haver
Rio de quatrocentas e cinquenta primaveras
Mentiu alguém que tu não eras
A Capital do meu país
Rio, desculpa tanta intimidade
Mas eu te amo, eis a verdade”
Ser carioca
É ter nascido no Rio de Janeiro sim, é claro, e também não...  Porque ser carioca é antes de tudo um estado de espírito.
Ser carioca é uma definição de personalidade.
Também é verdade que, nós cariocas, somos mais relaxados. Por favor, não confundam esse relaxamento com malemolência. Apenas sabemos que tudo tem a sua hora. E que o Arpoador vai estar onde sempre esteve. Cariocas de Madureira, do Leme, da Rocinha, de Piracicaba, de Porto Alegre, de Lisboa, de Roma... todos enlevados pela graça de serem o que são: cariocas.
Ser Carioca é... Começar alguma conversa com o usual "olha só..."
Ser marrento porque pode ser... afinal, olhe só onde a gente mora!
Dar inveja aos "não cariocas" pelo simples fato de sermos cariocas...
Indignar-se com a inveja dos "não cariocas" com o habitual "faaala sério"
Tratar tanto homens quanto mulheres de "cara" sem que isso seja considerado afronta...
Ter certeza de que esta é a cidade mais linda do mundo.
Falar com o "R" arrastado e com o "S" com som de "X" e exagerar ainda mais quando está perto de paulistas;
Entender porque a maioria dos estrangeiros acham que o Rio de Janeiro é a capital do Brasil;
Aplaudir o pôr-do-sol no posto 9;
Ver o nascer do sol na praia depois da night;
Ficar feliz com o horário de verão começa, porque isso significa uma hora a mais na praia;
Buzinar assim que o sinal abre;
Tomar mate sempre que estiver com sede;
Sair nos blocos do “Suvaco” e no  “Simpatia é quase amor”;
Ir à praia sempre no mesmo lugar;
Acampar na Ilha Grande pelo menos uma vez na vida;
Passar horas na academia, nem que seja fazendo social;
Ter amigos no condomínio onde mora;
Fazer amigos na praia;
Estar sempre perto de uma favela;
Usar os engarrafamentos para comprar biscoito de polvilho e apreciar a paisagem;
É saber das coisas antes que elas sejam ditas.
É detestar trabalhar, mas trabalhar bem.
É acreditar que tudo se arranja.
É gostar de estar sempre chegando e não querer nunca ir embora.
É saber conhecer outro carioca no estrangeiro, só pelo modo de andar e de vestir-se.
Fazer festa, quase aos gritos, quando reencontra um amigo,
Tirar os casacos do armário assim que a temperatura baixa a 24ºC e achar que está o maior frio ,
Usar a frase “a gente se fala” para quem você sabe que nunca vai encontrar,
É estar sempre de bem com a vida.
É estar sempre pontualmente atrasado.
É estar em paz com o mundo.
É sentir na boca um gosto insípido de segunda-feira.
É sair para o trabalho com um samba na alma.  
Ser carioca é dormir bem tarde, só pra não ter que acordar cedo. É ter ritmo em tudo para tudo; é ter em alta dose o senso do ridículo e da oportunidade; é gostar de gente mesmo falando mal; é gostar de banho de chuveiro.
Ser carioca é comer feijoada; é falar de política; é ser fã do Drummond. É flertar com a lua, sendo amante do sol.
É um jeito de fazer poesia com a vida.
Ser carioca é a coisa mais linda, mais cheia de graça, é ser carinhoso, é ser um chorão. É venerar Vinícius, é louvar Pixinguinha.
Ser carioca é o papo com o amigo, regado a chopinho. É ver a gíria da esquina na novela das oito.
Ser carioca é torcer pelo Flamengo. Ou então contra ele.
Ser carioca é ter um jeitinho para tudo, menos para a morte. É dar bom dia para a vida, sempre.
Ser carioca é receber um paterno abraço do Cristo Redentor sempre que estiver sob sua égide protetora.
Ser carioca é cultuar a praia e o amor à natureza.
Ser carioca é gostar do turista, é cobrar os direitos humanos, é não gostar de poluição. É zelar pela paz interior e rezar pela paz no mundo.
Ser carioca é a ginga no corpo, a malícia no andar e o batuque na mão.
Ser carioca é gostar de dormir, é gostar de sonhar. É a “fezinha no bicho” para a realização de um sonho ainda maior.
Ser carioca é ter nascido em qualquer pedacinho do mundo.
Ser carioca, é simplesmente um jeito solene de ser.
"O carioca é aquele que deita na sombra na hora do almoço
Está quase sempre com ar de bom moço
Que bate uma bola até com um caroço
(Com um São Jorge no pescoço)
O carioca é aquele que paga um mês quando já deve seis
Está quase sempre com ar de burguês
Que nunca faz nada e diz que já fez
Ele não pensa na vida
Tem sempre uma preta, a sua Margarida
Come na pensão, não carrega marmita
Adora a cerveja e também a batida
E quando vai pro estádio, vai para a geral
E pula para as cadeiras
Xinga o juiz (ladrão, safado, canalha)
Mas é brincadeira
Se ganha o Vascão
Logo tem bebedeira (Mengo)
O carioca é aquele que sai na escola de samba
Mas na avenida ele é um bamba
O carioca é aquele que pelo Rio se inflama
Arpoador, Copacabana
O carioca é aquele que vive de gozação
Mas ama seus companheiros, pois todos são seus irmãos"
(Música: O Carioca – Ary do Cavaco e Otacílio)
MAS PRINCIPALMENTE...
Amar e respeitar muito esta cidade porque, mesmo com todos os seus problemas, ela é a CIDADE MARAVILHOSA!!!!!
G.R.E.S. Alegria da Zona Sul
Carnavalesco: Eduardo Minucci
Glossário:
Kari'oka - Nome dado pelos índios tamoios às construções rudimentares feitas pelos soldados de Estácio de Sá. O termo carioca é oriundo da família lingüística tupi-guarani (kari ' oka) e significa etimologicamente "casa de branco": kari: branca; oka: casa. O termo carioca é também o gentílico dos habitantes ou naturais do município do Rio de Janeiro. 

sábado, 12 de julho de 2014

União do Parque Curicica divulga sinopse para 2015

Após fazer um grande carnaval em 2014 e terminar na sétima colocação na série A, a União Parque Curicica está em busca de mais um bom desempenho. O carnavalesco Paulo Menezes assinará o desfile de 2015 que homenageará Arlindo Cruz, Martinho da Vila e Monarco, numa espécie de ópera ao samba. Conira a sinopse do enredo "Os três tenores... do samba" abaixo:

nredo: “OS 3 TENORES... DO SAMBA.”
Ópera em três atos para ser apresentada no
Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
No faustíssimo dia 13 de Fevereiro de 2015.
Regida pelo Maestro Lolo.
Libreto de Paulo Menezes
Personagens:
ARLINDO CRUZ - (Tenor)
MARTINHO DA VILA – (Tenor)
MONARCO – (Tenor)    

Prólogo: “A CASA AGORA É DE BAMBAS”
“O samba, que era proibido até de passar na porta do Municipal, hoje está aqui dentro. E espero que essa noite seja a abertura definitiva, finalmente, para o nosso samba.”
Sergio Cabral
O Teatro está lotado.
As portas se fecham e as luzes se apagam.
Silêncio!
O maestro se prepara e a orquestra inicia os primeiros acordes.
E então, o erudito e o popular vão caminhando, juntos, em direção ao mais brasileiro dos gêneros musicais: o samba!
O samba que atravessa gerações, da linhagem nobre dos quintais dos bambas, hoje sem fronteiras.
Senhoras e senhores, boa noite!
Desliguem os seus celulares, mas não é proibido fotografar ou filmar.
Chegou a hora de tocar e cantar samba!
“Cantem o samba de roda,
O samba-canção e o samba rasgado.
Cantem o samba de breque,
O samba moderno e o samba quadrado.”
Canta canta, minha gente!
Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo!
Ato 1: “SER SAMBISTA É VER COM OS OLHOS DO CORAÇÃO”
Tenor: Arlindo Cruz
Cena: Uma grande aldeia, mas esta, diferente das outras, pois ali só habitavam caciques. E o cacique personagem dessa história se encontrava ali, no fundo daquele quintal, observando com orgulho o seu Império, pois ali era o seu lugar, um lugar de batuques, de magia e fé.
“Doce lugar
Que é eterno no meu coração
E aos poetas traz inspiração
Pra cantar e escrever”
Versador, se garante no banjo sem deixar furo. Poeta, quando fala de amor, pensador quando fala de força, fé e raiz. Malandro da melhor qualidade, dos quintais, terreiros e favelas.
E o partideiro vai saindo de mansinho... pra batucada, pois o samba o chamou, nasceu batucando e cantando... porque ainda é tempo pra ser feliz!
Fecham-se as cortinas.
Fim do primeiro ato.
Ato 2: “... UM REI QUE REINAVA COMO UM SER COMUM”
Tenor: Martinho da Vila
Cena: O Quilombo da Serra dos Pretos Forros. Ali acontece uma Festa da Raça, onde a Liberdade é comemorada ao som de sambas, congos, cirandas e batucadas. E o poeta-escritor, personagem dessa história vai assim formando a sua arte, a sua filosofia de vida: vai fundo em sua negritude e sua brasilidade, em sua originalidade. Poderia ter sido um “pequeno burguês”, não o foi. Preferiu que sua história, que a roda de sua vida girasse por outros caminhos, por outros sonhos.
E apesar da Academia não ter realizado um de seus sonhos, a sua obra o tornou imortal. Pois agora ele não é somente da Vila. Agora ele é nosso, do Brasil e do mundo, pois...
“...Quem quiser falar comigo
Não precisa procurar.
Vá aonde tiver samba
Que eu devo estar por lá.”
Fecham-se as cortinas.
Fim do segundo ato.
Ato 3: “O SAMBA NÃO PODE ACABAR”
Tenor: Monarco
Cena: A Bica do Inglês, em Oswaldo Cruz. A “Fonte da Juventude” de Monarco, que poderia ser Monarca, de monarquia do samba. Mas não é assim, é Monarco de gibi, de super-herói. Mas assim também vale. O super-herói do resgate, da memória e da dignidade do samba. Aquele que preserva suas raízes, guardião do “seu pessoal de outrora”.
“Com palavras que ficaram na memória...
... o que nos vale é a fé que encoraja e conduz
Portelense de verdade que defende Oswaldo Cruz”
A voz do samba, nobre, poético, feito à moda antiga, de terreiro, mas sem perder o olhar da modernidade, da juventude, da renovação. Monarco da Portela, da velha e da jovem guarda do samba, vivido com amor e simplicidade.
Mas é melhor eu parar, pois se eu for falar de Monarco, hoje eu não vou terminar.
Fecham-se as cortinas.
Aplausos!
Bravo!
Afinal...
“Olha o povo pedindo bis...
...Outra vez, o nosso cantar...
...O show tem que continuar.”
Nota: Este enredo é uma homenagem a três grandes artistas, representantes de três gerações da nossa música popular, do nosso samba.
Em seu livro Ópera Negra, Martinho da Vila começa sua introdução assim:
“Luther King dizia: ‘Sonhem! Sonhem! Sonhem mais!
Eu sonho’”
E hoje nós também estamos sonhando. Sonhamos três sonhos que se juntam em um sonho só. O sonho de um sonho.

Paulo Menezes

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Mangueira divulga enredo e sinopse para 2015

A Estação Primeira de Mangueira divulgou hoje a logo e a sinopse do enredo que cantará em 2015. O carnavalesco Cid Carvalho retorna à escola e assinará "Agora chegou a vez, vou cantar. Mulher de Mangueira, mulher brasileira em primeiro lugar" em homenagem às grandes personalidades femininas no país e na escola. Confira abaixo:
Tudo era festa no meu tempo de menino. Nascido e criado em Mangueira, o morro e seus bairros eram o meu quintal, mas também a minha casa, o meu mundo, o meu reduto para brincar, para aprender as duras lições da vida e, para sonhar... Habitada por gente simples e tão pobre/ que só tem o sol que a todos cobre... Cantarolava eu, que nem conhecia Cartola, contudo por intuição percebia a resposta ao como podes Mangueira cantar? De verso em verso, a intuição virava convicção: eu digo e afirmo que a felicidade e os sonhos aqui moram, e aí estava a chave de tudo - a felicidade e os sonhos. Por aqui, até nossos barracos são castelos/ em nossa imaginação... Sonhou feliz, Nelson Cavaquinho.
Certa vez, deitado no chão e olhando para o alto e a imaginar o morro todo em verde e rosa, descobri que a natureza já tinha feito a sua parte. As mangueiras, muitas mangueiras, coloriam a paisagem com todo o verde possível e necessário. Nesse dia entendi a razão/ inspiração do verso Mangueira, teu cenário é uma beleza/ que a natureza criou... Só faltava o rosa, pensei. (1)
Foi há muito tempo que ouvi falar pela primeira vez das grandes mulheres de Mangueira. Vovó Lucíola, parteira que ajudou muitos mangueirenses a chegar ao mundo, dona de uma sabedoria de preta velha, e que muitos diziam ser mais antiga que o próprio morro, me contou, com riqueza de detalhes, lindas histórias de doçura e de bravura, que me encantaram a alma e invadiram a minha imaginação.
Ainda lembro quando vovó me pegou pelo braço e apontou uma frondosa mangueira no alto do morro e falou: "tá vendo aquela árvore, "fio"?" Enxuguei as lágrimas que insistiam em molhar meu rosto e firmei o olhar na direção apontada. E, continuou vovó: "ela é como um elo entre as mulheres do morro e a nossa Escola de Samba. A raiz, o tronco resistente e os galhos cheios de folhas, servem para proteger as flores que se transformarão em frutos. Assim, também, são as mulheres, daqui e de qualquer lugar, "fio"! Nós somos como as árvores, como a natureza, geramos vida e continuidade através dos nossos frutos. Assim é a nossa vivência e nossa contribuição com a Mangueira!".
Neste dia entendi que o que estava faltando era o rosa feminino daquelas mulheres para fazer par com o verde das mangueiras... Eram as "ROSAS" de Mangueira que estavam faltando!
Tudo agora fazia sentido! Os homens foram a raiz e o tronco, mas as mulheres foram as flores, as "ROSAS" que geraram os frutos mais doces que a Mangueira me deu!
Algum tempo depois, novamente deitado no chão e olhando as mangueiras, agora enfeitadas de flores, lembrei-me da minha conversa com vovó Lucíola. Lentamente adormeci e sonhei. Sonhei com as grandes mulheres de Mangueira recebendo outras grandes mulheres do Brasil para um magistral desfile de carnaval. Sonhei que era primavera no morro e as "ROSAS", em verso e prosa, novamente, desabrocharam com todo o seu esplendor.
Venham divinas damas que carregam no sangue esta nobreza ancestral, despertem para sonhar novamente e ouçam os versos mais belos que o poeta compôs para lhes ofertar. Por mais esta noite, desçam o morro em cortejo para reinar na folia como legítimas representantes da dinastia do samba, pois é através de suas memórias que a Mangueira vem contar e cantar a trajetória de outras grandes mulheres do Brasil.
Venha vovó Lucíola, e seja novamente a minha guia! Deixe o doce perfume de suas lembranças invadir o meu sonho, entorpecer a minha alma e se espalhar por ruas, becos e vielas.
Na liberdade que somente a poesia e os sonhos podem conceder, vejo os barracos/castelos enfeitados com guirlandas florais e o povo vestido com fidalguia para a noite triunfal.
E as baianas giram e o movimento de suas saias me faz recordar as histórias de valentia e superação que havia escutado muito tempo atrás. Então, presencio Tia Fé, anciã que carrega no próprio nome a força da religiosidade das mulheres do morro, sendo aclamada como uma verdadeira quebradeira de grilhões na aurora da Estação Primeira, e glorifico as mães do samba.
Salve as "Candaces do Brasil"!
Salve Suluca da Mangueira, tal como Chica da Silva, uma autêntica herdeira da realeza africana!
Orayê yê o, Ciata de Oxum; a sua benção Mãe Menininha do Gantois!
Os acordes afinados de um violão me chamam a atenção e uma suave melodia embala o meu sonho. Não demora e o coro, ao longe, também se faz ouvir e o canto harmonioso das pastorinhas de Mangueira atravessa a barreira do tempo, unindo passado e presente e, num compasso emocionante, faz-se ecoar pelas vozes das grandes cantoras mangueirenses, que hoje cantam em homenagem às grandes intérpretes do Brasil. E tem Chica, Chica Boom e balangandãs para todo o lado e disputas acirradas entre as Rainhas do rádio. Mas, sempre haverá uma "bandeira branca" para "clarear" a alegria!
O morro é festeiro e transpira musicalidade. E tem jongo e maxixe nos cordões de velhos, mas a batucada é soberana para embalar a cantoria e animar o povão quando chega o carnaval. Protegida pela Guarda Real da bateria, a rainha desce as escadarias do seu castelo, no alto do morro, e se posta à frente dos ritmistas com altivez monárquica para receber as rainhas da beleza brasileira, lideradas por Gisele Bündchen e Marta Rocha coroada, com a faixa no peito e o cetro na mão. Trajes típicos desfilam a nossa brasilidade e se misturam às mulatas e cabrochas em apresentação apoteótica. No meu sonho "Real", o Buraco Quente se transforma em passarela de moda e de samba; porque, no reinado de Momo, todas as mulheres são belas rainhas e nós, os seus súditos.
E, tudo em Mangueira é belo e tem seus fundamentos!
Feito um ritual mágico, tia Lina se posiciona para ser reverenciada como a primeira Porta-Bandeira da verde e rosa. Percebo os guardiões abrindo caminho enquanto o pavilhão mangueirense flutua em meio ao povo, conduzido com graça e elegância, ora por Neide, ora por Mocinha. É a arte em movimento antropofágico de Tarsila! É a delicadeza das mãos nos versos de Raquel de Queiroz; é a sensibilidade feminina transmitida em cores e gestos; é o poder da arte derrubando barreiras e preconceitos e empunhando a bandeira da igualdade.
As vozes se multiplicam e a cantoria aumenta. Mas é preciso concentração! Uma voz se destaca entre todas as outras e se faz respeitar! Em Mangueira, berço de grandes guerreiras, Dona Neuma, mulher de fibra, prestígio e liderança, é quem toma as rédeas da situação, seja nas árduas batalhas da vida, no dia a dia do morro ou nas alegres batalhas de confetes e serpentina. Sempre com a firmeza e a sensibilidade de uma líder nata. Quando necessário, fazia-se Maria Quitéria nas pelejas para defender o samba e a Mangueira, mas se alguém precisasse de auxílio, rapidamente se transformava em Ana Néri para socorrer.
Então, respeitem quem pode chegar aonde elas chegaram e abram alas para todas as mulheres que se colocaram à frente de seus tempos e que, nunca estiveram à espera de príncipes encantados para lhes salvar! São estas mulheres que nos conquistam pela simplicidade e, ao mesmo tempo, se impõem pela grandiosidade, e que hoje, personificadas em Dona Zica e aclamadas em um desfile triunfal, recebem de Mangueira o que a história oficial muitas vezes lhes negou: a valorização e o reconhecimento. Que seus exemplos de força e persistência se transformem em uma espécie de vento suave e contínuo capaz de tremular no ponto mais alto das nossas consciências a legítima bandeira verde e rosa... Que o rosa possa significar a mais singela tradução do nosso reconhecimento a todas as mulheres deste país... E que o verde possa transmitir a nossa esperança por igualdade de direitos, para a honra e glória daquelas que lutaram e ainda lutam por dignidade.
Ainda inebriado, sinto o rosa da alvorada no morro a me despertar. Percebo que o meu sonho está chegando ao fim, não no sentido de acabar, mas porque está se tornando realidade!
A sua benção vovó Lucíola e, obrigado por me permitir sonhar, por esta noite, o seu sonho maior de igualdade e respeito a todas as mulheres.
É a sua, a nossa Mangueira que está na Avenida e, todas as Marias com as latas d'água nas cabeças, as negas mais malucas do que nunca, as cabrochas e mulatas e as senhoras do Departamento Feminino e da Velha-Guarda, vêm saudar as nossas Ritas Lee, as nossas Martas Vieira da Silva, as nossas Marias da Penha e as nossas Fernandas Montenegro porque, para honra e glória do Brasil, "Agora Chegou a Vez, Vou Cantar: Mulher de Mangueira, Mulher Brasileira Em Primeiro Lugar!"
Cid Carvalho.
(1) Trecho retirado da revista: Mangueira, Paixão em Verde e Rosa de 2005. Texto do então Presidente da Agremiação Álvaro Luiz Caetano e livremente adaptado por Cid Carvalho.

Samba oficial Manha Verde 2015

A Mancha Verde, vice-campeã do grupo de acesso, divulgou o áudio oficial do samba enredo que irá cantar ao abrir a sexta feira de carnaval. O samba é cantado pelo interprete Fredy Viana e a escola cantará o centenário do Palmeiras. Confira abaixo o vídeo com a obra:

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Culturalmente e simplesmente Vai-vai!

   O mês de Janeiro é o primeiro do ano, todo mundo sabe. Começo, recomeço, traçar novas metas. O primeiro dia do ano que marca o dia mundial da paz a 84 anos atrás marcou também o começo da escola do povo, da comunidade guerreira, da alvinegra Vai-vai.
   Uma das escolas mais tradicionais de uma cidade vertical, ajudou a difundir a folia do momo por aquelas terras. Cordão esportivo que virou grêmio recreativo e cultural em poucos anos e difundiu sua marca negra, paulistana e tipicamente cultural. Maior vencedora das terras da garoa, relatou que a noite tudo transforma, afirmou que nem tudo que reluz é ouro, cantou Nostradamus e pediu Acorda Brasil, porque a saída é ter esperança. E acredite quem quiser, a escola foi tetra-campeã e a música sempre vencia com todo estilo de bamba.
   Vai-vai é sinônimo de grandes carnavais, sempre chega impondo com sua arquibancada que sempre fica cheia e coreografada pelas pequenas bandeirinhas ao vê-la passar, ganhando a cada ano um pedaço maior no coração de torcedores e amantes do carnaval.
   O caminho da Luz nunca se apaga, as vezes falha um pouco em anos onde a safra não é boa, mas a chama nunca pode se apagar. O carnaval que virá servirá de renascimento, com aquela mesma energia de recomeço do mês de janeiro para a comunidade do Bexiga. A saracura precisa cantar mais alto e vencer os boatos de que a escola do povo acabou. A fábula de uma escola de samba na transversal do carnaval não pode acabar...

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Império de Casa Verde falará sobre os sonhos em 2015

O Império de Casa verde, oitava colocada do carnaval de São Paulo, divulgou nessa tarde (03/07) o enredo e a sinopse para o próximo carnaval. "Sonhadores do mundo inteiro: uni-vos" será desenvolvido por uma comissão de carnaval formada por Paulo Fuhror, Leandro Catta Preta e Junior Barata. Confira na íntegra:
"Sonhadores do mundo inteiro: uni-vos"
Prólogo: Por que um enredo sobre sonhos?
"Sonhar é acorda-se por dentro"
Mario Quintana
O enredo para o desfile de um carnaval é escrito no grande livro da avenida que permanece aberto diante de nossos olhos; mas não podemos entendê-lo se não aprendermos primeiro a linguagem e os caracteres em que ele foi escrito. A linguagem é o lúdico e os caracteres são as traduções da realidade para o imaginário.
Nosso enredo não se limita estética litúrgica do desfile, mas busca um novo entusiasmo, que nos arrebate ao fantástico mundo da realidade carnavalizada.
Baseado na necessidade de apresentar um desfile onde os sonhos estejam presentes para nos levar aos universos carnavalizantes, o Império abre os portais do inconsciente e anuncia: "Sonhadores do mundo inteiro: uni-vos".
Introdução:
"Nós somos feitos do tecido de que é feito os nossos sonhos"
Willian Shakespeare
Para Sigmund Freud, pai da psicanálise e viajante do inconsciente, o sonho é a realização de um desejo. Mas não é preciso devorar suas obras para perceber que no carnaval, principalmente no momento mágico do desfile de uma escola de samba, esta sua frase encontra a realidade palpável.
O desfile é a realização de um desejo que se tornou sonho e se fez realidade na passarela. Sendo assim, o Império de Casa Verde traz para o espaço mítico da avenida uma viagem encantada através de mundos imaginários, tendo como personagens homens e mulheres que transformaram o mundo através de seus sonhos.
Não se trata de um enredo histórico com uma narrativa cronológica estanque, engessada pelas exigências acadêmicas e o compromisso épico. Nosso comprometimento é com o realismo fantástico, escola literária e artística que mais se ajusta ao carnaval.
O título do enredo já apresenta o conceito de carnavalização. Pegamos a frase mais famosa do "Manifesto Comunista" escrita por Karl Marx e Friedrich Engels, e a adaptamos ao projeto do enredo. O conceito de sonho do enredo é apresentar de forma lúdica os sonhadores que transformaram o mundo e um convite para que cada um se torne um sonhador.
Para uma compreensão do enredo, precisamos levar em conta os seguintes aspectos presentes no desenvolvimento do desfile:
1.Conteúdo de elementos mágicos ou fantásticos percebidos como parte da "normalidade" pelos personagens;
2.Elementos mágicos algumas vezes intuitivos, mas nunca explicados;
3.Presença do sensorial como parte da percepção da realidade;
4.O tempo é percebido como cíclico, como não linear, seguindo tradições 
dissociadas da racionalidade moderna;
5.O tempo é distorcido, para que o presente se repita ou se pareça com o passado;
6.Transformação do comum e do cotidiano em uma vivência que inclui experiências sobrenaturais ou fantásticas;
7.Preocupação estilística, partícipe de uma visão estética da vida que não exclui a experiência do real.
A partir da compreensão destes elementos, percebe-se que o desfile do Império de Casa Verde não será apenas o mero encaixe de personagens, mas uma epopeia carnavalesca onde seres reais e imaginários apresentam a importância do sonho para transformação do mundo. E o mais importante, nossa viagem por ser carnavalizada, consegue unir personagens da cultura universal a personalidades do cotidiano, mostrando, conforme as palavras da escritora Adélia Prato, que a metafísica pousa sobre a realidade cotidiana.
Sonhar é um ato universal e o desfile do Império de Casa Verde convida a todos a uma viagem ao mundo mágico dos sonhos que se tornam realidade no Paraíso da loucura, terra sagrada onde somente os foliões tem o prazer de visitar anualmente e neste ano, o Império encontra Joãosinho Trinta e Fernando Pamplona na avenida, os dois reis do carnaval, que nos ensinam que sonhar é que dá sentido as nossas vidas.
Paulo Fuhror de Andrade