sexta-feira, 18 de julho de 2014

X-9 falará sobre chuva em 2015

   A X-9 Paulistana encerrará a folia de São paulo falando sobre seu algoz em 2014: a chuva. E com isso, lançou na noite dessa quinta feira (17/07) a sinopse que embalará os corações da escola da parada inglesa. Confira abaixo:
Fenômeno de Deus
Anunciado pelo canto das cigarras
Onde o céu encosta o chão
A nuvem escurece
Fazendo o dia virar noite
Numa revoada de andorinhas
Enchendo o ar de esperança
E os sonhos de quem a espera -
A chuva

Do mundo, tu já foste a destruição
Vieste pela forma de dilúvio
Alçando a arca mais famosa
Sagrado refúgio da criação
Que Noé com sua fé construiu

Oh Indispensável Chuva!
Do solo, fizeste brotar a natureza 
O recomeço, a transformação
De sua gota criaste o homem
A nação Pataxó
E dos peixes, a lágrima, a precipitação
Sobre os campos, vales e florestas
Irrigando as nascentes
Sangrando a terra com seu líquido santo 
A água - que é a fonte da vida!

Ah gloriosa Chuva!
Aos teus pés dançamos para querer-te
Quando você insiste em não vir
Tua chegada por vezes é silenciosa 
Por hora, acompanhada de fragor 
Espalhada pelos ventos de Oiá
Para molhar o rosto exposto 
Lavar a pele, purificar
Saldar Nanã, a deusa da lama
Divina mãe do fundo dos rios
E invocar Dan a grande serpente
Sobre a forma hipnótica do arco-íris
E conduzir as águas de Oxum ao reino de Xangô 
Colorindo o firmamento 
Oxumaré...Arroboboi!

Chuva, Enigmática chuva!
Em sua ligeirice o ar se enche de aquarela
Que pela ponte nos leva ao tesouro
Contido num pote de ouro da nossa imaginação
Já tua ausência, castiga o chão do sertão 
Ferida que racha a caatinga de sol e de dor
Cenário sem flores, sem o canto dos pássaros
Cujas sementes não germinam, apenas a fé 
Ou a sorte de macambiras e mandacarus 
Porém, temos São José!
Para abençoar e trazer de volta a alegria do sertanejo 
Salvando a colheita, o gado e a mesa em oração
Tanto que gratos pelo mais singelo chuvisco
Os animais se mostram felizes nos pastos 
Os peões contentes com a lida
E festas se fazem em tua homenagem
Para brindar a fartura
Desde o campo até a grande cidade

Contudo, nem sempre depois da tempestade vem a bonança
Enquanto pra uns, traduzes a felicidade
Para outros, tu és a vilã dos feriados prolongados
E não é difícil ver-te promover o caos
Decorrente do nosso descaso com o meio ambiente
Tu és o medo nas encostas dos morros 
No trânsito, a desordem pelas ruas da cidade
Sobre as enchentes, o suplício dos desabrigados
Teu excesso e tua escassez são motivos de reflexão
Um exercício de consciência
Tu és a água que nutre a Cantareira
A tua presença motiva o descarte correto do lixo 
A tua ausência, o consumo consciente da água
Você gera energia ao mesmo tempo em que causa apagão
A luz e a sede 
A disposição e a preguiça

No imaginário popular 
Tu és a água que São Pedro lava a casa
O casamento da viúva quando contigo o sol misturas  
De arroz, és o desejo de prosperidade
De pétalas de rosas, o amor eterno
Para algo negar, de você retiramos o cavalo 
Mesmo que chova canivete 
Ainda que chova na horta
Teimosa tu insistes em chover no molhado
Para quem queira andar em ti e se molhar
"Cantando na chuva"
Trazendo a tona as lembranças da infância 
Através do teu cheiro particular
Vindo dos pingos que se estralam pelo chão
Ruído que serve como acalanto 
Para as noites incômodas de insônia
Pois, não há quem não curta adormecer 
Escutando-te tocar no telhado, ritmada e faceira 
E nas tardes de chá
Saboreando os bolinhos de chuva feitos pela vovó
Que antecedem a sopa quentinha e o xarope de mel
Para a gripe evitar 

Oh chuva!
Prateada, iluminas os enamorados
Tu és aquela que aproxima
Pelo lado de dentro da janela, tu refletes o aconchego
Mesmo com as goteiras no barraco
Lá fora, você dá charme à cidade
Nos guarda-chuvas que se esbarram nas calçadas
E nas capas respingadas pelos passos apressados
Ao fugirmos do temporal como se faz aqui em Sampa 
Onde seu repertorio é variado
Podendo ser forte, fina, continua
Pesada, ácida e até congelada 
Inesperada, sem ter hora para chegar
Longe do confete e da serpentina 
Ah chuva tu és temida no carnaval
O banho de água fria no sonho do artista
Por outro lado, a ducha que lavou nossa alma 
Revigorando o amor xisnoveano 
E a sede de sermos campeões 
Então, chova, chova sem parar!
Para brindar nossos quarenta anos de história 
Pois o que foi nosso algoz será nossa força
Porque:
Sambando na chuva, num pé d?água ou na garoa
Sou a X9 numa boa!
 André Machado

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